Primeira experiência com médio formato
Estava na altura de experimentar fotografar com médio formato, mas nem sabia bem por onde começar. Tinha apenas uma vaga ideia do que queria e do que iria comprar para o meu orçamento.
Este post vai ser sobre isso mesmo: a minha primeira câmera de médio formato e o primeiro rolo que passou por ela.
O começo
Eu já andava com o bichinho de fotografar com película de 120mm. Até então tinha andado com algumas das minhas câmeras de 35mm e a experiência tinha sido tão boa que quis expandir o meu set. Pesquisei muito sobre o assunto e comecei a gostar cada vez mais do “look” de médio formato, embora seja um mundo e possa parecer também caro, mas o “caro é relativo” e eu explico porquê nas secções seguintes.
Em suma, fui vendo tanto conteúdo que finalmente decidi dar o salto para a piscina de 120.
A Câmera e o rolo
O primeiro passo foi ver de uma câmera de médio formato que me agradasse e que, acima de tudo, não excedesse muito o meu budget. Se formos online somos rapidamente assolados com um mar de escolhas e “aspect ratios” dentro do médio formato.
No meu caso, eu gostava de ver como ficavam os negativos em 6x6 então isso foi logo um bom ponto de partida para reduzir as máquinas que consideraria comprar. Contudo, há imensa escolha em 6x4.5 (como uma Mamiya 645 ou Zenza Bronica) , 6x7 (como a Mamiya RB67 ou a famosa Pentax 67) , entre outras.
Uma das coisas em que reparamos de imediato é que, no geral, câmeras de médio formato são mais caras que as de 35mm. Porém, como disse, o caro é relativo e terão sempre de ter em conta coisas como o uso que vão dar à máquina, o estado de conservação, se teve manutenção antes de comprar, etc. Se pensarmos que são equipamentos muitas vezes com décadas de uso e que há cada vez menos pessoas com o conhecimento e experiência na sua reparação e manutenção, é fácil justificar alguns dos preços que vemos online.
Acabei por optar por comprar uma TLR por serem mais baratas por norma que outros modelos. As TLR têm duas lentes, como o nome indica “Twin Lens Reflex”, e já existem de um modo ou outro desde o início do século XX, tendo sido particularmente populares e difundidas entre as décadas de 30-40-50 e 60. Houve um enorme “boom” destas câmeras no Japão e hoje em dia consegue-se encontrar um bom negócio com relativa facilidade, dependendo do modelo, condição e raridade do item.
Entre as mais comuns temos as Rolleicord, Rolleiflex, Yashica, Minolta, Ricohflex, e por aí adiante. São máquinas que no seu formato mais comum fotografam em 6x6, dando-nos um negativo um pouco maior, mas também menos exposições por rolo. É algo a ter em consideração.
Contudo, há modelos que usam rolos de 127mm, de 35mm, ou outros tipos de película de raiz ou com recurso a adaptadores. É o caso da máquina que comprei, uma Yashica 635 ( 6x6 e 35mm).
Tendo a câmera, só me faltava um rolo para a testar. Evitei ir para rolos muito caros pois queria primeiro ter a certeza de que está tudo bem a nível mecânico. Optei por comprar Ilford XP2 400.
A experiência e os resultados
Uma TLR é sem duvida alguma um gosto de usar. Temos de ter em atenção que olhamos de cima para baixo e que a imagem está invertida devido ao uso de um espelho dentro da máquina. Além disto, é preciso ter algum cuidado com nivelar a imagem, pois com estas máquinas é fácil ter a foto inclinada sem querer. É algo que requer algum tempo de adaptação.
Por norma as TLR têm uma pequena lupa para afinar o foco e acabei por usar algumas vezes para garantir que a imagem estava bem focada. Em suma, não é de todo o tipo de câmera para quem “está com pressa”. É um equipamento que requer tempo, prática e calma para obter resultados decentes. Estou longe de ter imagens excelentes, mas para primeira experiência gostei muito!
Considerações finais
Embora as TLR não sejam particularmente fáceis de usar para quem vem de Rangefinders ou SLRs, a adaptação ocorre com relativa rapidez e acabam por ser extremamente divertidas de usar. Basta termos calma e paciência ao início
Além disso, são uma forma relativamente barata de entrar no mundo do médio-formato. Hoje em dia consegue-se comprar uma TLR por poucas centenas de euros online. Contudo, convém fazerem bem a vossa investigação primeiro e ver também a condição do equipamento, se foram fabricados muitos ou poucos modelos, etc.
Para começar recomendo que procurem por algo da Rollei (Rolleicord ou Rolleiflex) ou da Yashica. Há muitos modelos e consegue-se encontrar um bom negócio online com alguma facilidade. Se quiserem ir para algo mais esotérico e de fabrico recente podem dar uma olhada nas Lubitel Universal fabricadas pela Lomography. A original é de fabrico soviético e pode ser comprada usada por muito pouco, mas se quiserem algo de origem e estiverem dispostos a pagar esse preço, a Lomo fabrica este modelo por cerca de 400€. Contudo, considerem que por este valor se calhar conseguem uma Yashica MAT 124G em excelentes condições e provavelmente terão melhores resultados. Novamente, isto fica ao critério de cada um, mas serve para ilustrar que podem investir de diversas formas neste meio.
Recomendo a 100% que eventualmente experimentem médio formado. Se não querem gastar muito dinheiro então uma TLR poderá ser uma opção, sem dúvida.
Se gostarem, talvez considerem outra máquina como uma Mamiya 645, Rb ou RZ67, Pentax 67 ou apontar para uma Hasselblad. O Céu é o limite!
Até à próxima!